Vistas de 'La fenêtre' em diferentes momentos
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
"Em Veneza, todas as pessoas andam como se estivessem a atravessar um palco: nos seus zelosos afazeres, com que nada fazem, ou nos seus devaneios vazios, surgem constantemente a dobrar uma esquina para desaparecerem de imediato numa outra e têm nisso sempre alguma coisa de actores, que à direita e à esquerda da cena não são nada, a representação só acontece ali e não tem qualquer motivação na realidade do antes, nem qualquer consequência na realidade do depois.”
Georg Simmel, Veneza; dossier Simmel: a estética e a cidade, trad. António Sousa Ribeiro
Magali Marinho parte habitualmente de distintos questionamentos, de pontos de contacto que vai estabelecendo e que vê envolverem-se e contagiar-se, num sistema de comunicação que emerge como algo novo, o que por sua vez potencia uma diversidade de leituras. O seu processo de trabalho, assumidamente anárquico, anda em torno de questões como o corpo e o espaço que este habita, a paisagem urbana, o natural e o artificial, o que está dentro e o que está fora.
La Fenêtre é uma instalação site-specific para ser vista do exterior, evocando as montras e vitrines de rua, em que os objectos são deixados à experimentação do olhar, mas fora do alcance dos outros sentidos. De forma paralela, e porque num teatro se situa, La Fenêtre é também um cenário desprovido dos seus actores. O que é visivel tem reminiscências de um espaço privado, simultaneamente doméstico e de trabalho, há uma miscelânea de objectos “decorativos” dispersos: frutos e flores artificiais, papéis dobrados, pinturas sobrepostas. Um espaço que se vai alterando ao longo do tempo de exposição, o que enfatiza a ausência do corpo, do actor. Como numa vitrine, o que é deixado à experimentação do olhar é somente o resultado da acção e não a acção em si. Como num palco, o cenário é alterado e transformado por intervenção do actor e o que fica conta uma história. No Round the Corner, numa esquina do Teatro da Trindade, encena-se e joga-se: com as diferentes leituras possíveis e com o carácter fugaz e transitório de cada apresentação.
Curadoria: Ana Pinheiro Torres
Georg Simmel, Veneza; dossier Simmel: a estética e a cidade, trad. António Sousa Ribeiro
Magali Marinho parte habitualmente de distintos questionamentos, de pontos de contacto que vai estabelecendo e que vê envolverem-se e contagiar-se, num sistema de comunicação que emerge como algo novo, o que por sua vez potencia uma diversidade de leituras. O seu processo de trabalho, assumidamente anárquico, anda em torno de questões como o corpo e o espaço que este habita, a paisagem urbana, o natural e o artificial, o que está dentro e o que está fora.
La Fenêtre é uma instalação site-specific para ser vista do exterior, evocando as montras e vitrines de rua, em que os objectos são deixados à experimentação do olhar, mas fora do alcance dos outros sentidos. De forma paralela, e porque num teatro se situa, La Fenêtre é também um cenário desprovido dos seus actores. O que é visivel tem reminiscências de um espaço privado, simultaneamente doméstico e de trabalho, há uma miscelânea de objectos “decorativos” dispersos: frutos e flores artificiais, papéis dobrados, pinturas sobrepostas. Um espaço que se vai alterando ao longo do tempo de exposição, o que enfatiza a ausência do corpo, do actor. Como numa vitrine, o que é deixado à experimentação do olhar é somente o resultado da acção e não a acção em si. Como num palco, o cenário é alterado e transformado por intervenção do actor e o que fica conta uma história. No Round the Corner, numa esquina do Teatro da Trindade, encena-se e joga-se: com as diferentes leituras possíveis e com o carácter fugaz e transitório de cada apresentação.
Curadoria: Ana Pinheiro Torres
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